TINTAPERMANENTE

PALAVRAS AO VENTO E SIMPLESCRITOS

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Localização: Lisboa, Portugal

segunda-feira, agosto 07, 2006

Sabedoria

Sabedoria I

Um velho índio descreveu certa vez:- Dentro de mim, existem dois cachorros: um deles é cruel e mau, ooutro, muito bom.
Os dois estão sempre brigando.
Quando perguntaram qual dos cachorros ganharia a briga, o sábio índio parou, refletiu e respondeu:- Aquele que eu alimento.

Sabedoria II

A espantosa realidade das coisas.
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é.
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra.
E quanto isso me basta.
Basta existir para ser completo."

Fernando Pessoa

"São demais os perigos desta vida,
Pra quem tem paixão principalmente,
Quando uma lua chega de repente,
E se deixa no céu, como esquecida,
E se ao luar que atua desvairado,
Vem se unir uma música qualquer,
Aí então é preciso ter cuidado ,
Porque deve andar perto uma mulher..."

Amigos

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências... A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente,construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer... Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os."